A Câmara dos Deputados debateu, nesta semana, em Comissão Geral, a prevenção, o diagnóstico, e o acesso ao tratamento para combate ao câncer. Esses desafios foram apontados por deputados, gestores de hospitais e pacientes que lutam contra a doença. O deputado federal Valdir Colatto (PMDB-SC), em seu pronunciamento destacou que o Congresso Nacional precisa se debruçar sobre o assunto e buscar soluções para minorar o sofrimento das pessoas que enfrentam o câncer. “Este é um grave problema para nós brasileiros. Um infortúnio para aqueles que passam por isso”, pontuou o parlamentar.
Dentre os convidados, uma das maiores preocupações levantadas foi em relação à obtenção de diagnósticos mais rápidos e precisos, capazes de frear a doença e garantir que as pessoas tenham mais chances de cura. Sem um diagnóstico precoce, a eficácia da lei 12.732/12, que determina o início do tratamento em até 60 dias após esse diagnóstico, também é prejudicada.
Outros participantes da Comissão Geral reclamaram da falta de informação dos pacientes, que não sabem como se prevenir, nem dos passos do tratamento. Foi por falta de informação, que a catarinense Melissa de Medeiros se surpreendeu ao ficar muda depois de uma cirurgia para retirada de laringe em decorrência de câncer. Ex-fumante, 45 anos de idade, Melissa ficou completamente muda durante dois anos. Hoje, ela dedica parte de seu tempo à Associação de Câncer de Boca e Garganta, da qual é presidente, apoiando e divulgando informações a outros pacientes. “Não recebi o diagnóstico correto em tempo. Não recebi informações de que ficaria muda, de que perderia o emprego, de como voltaria a falar”, testemunhou a mulher que hoje fala com o auxílio de um aparelho eletrônico que robotiza sua voz. A reclamação dela é que hoje grande parte dos pacientes não tem acesso a uma terapia fonoaudiológica para voltar a falar.
Colatto acompanha um grupo de pessoas laringectomizadas do Hospital Regional de Chapecó – conhecido como “Grandes Guerreiros do Oeste” – e salienta que um dos pedidos é que se inclua na tabela do SUS a aquisição de prótese para essas pessoas e o aparelho para laringe, conhecido como “laringe eletrônica”, a fim de que elas possam se comunicar.
Luciara Giacobe, fonoaudióloga, mestre em Distúrbios da Comunicação e coordenadora do grupo “Grandes Guerreiros do Oeste”, trabalha há 7 anos na reabilitação de pacientes com câncer de cabeça e de garganta, e, também participou da Comissão Geral. Ela destacou que grupos como o de Chapecó, têm por finalidade maior reintegrar as pessoas à sociedade, tanto social quanto profissionalmente. Luciara destacou que, segundo o Instituto Nacional do Câncer, para o biênio de 2016/2017, haverá 7.350 novos casos de câncer de laringe. Deles, 6.360 ocorrerão em homens e 990 em mulheres.
Ministério da Saúde
Presente ao debate, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o Brasil não dispõe de recursos para dar tratamento para todos os brasileiros como deveria. As novas tecnologias e os tratamentos individualizados, disse, são muito caros, mas o País tem buscado outros caminhos, seja pelo investimento em prevenção ou pelo barateamento da produção de medicamentos.
“Economizamos R$ 3,2 bilhões neste primeiro ano de gestão, praticamente reduzindo preços de medicamentos. Quanto mais barato, mais acesso daremos às pessoas. Precisamos resistir à pressão da indústria farmacêutica em descontinuar a produção de medicamentos baratos”, defendeu o ministro.
Prevenção
Em outra frente, Ricardo Barros lembrou que o Brasil assumiu internacionalmente compromissos relativos à prevenção. São medidas que envolvem a redução de 30% em bebidas açucaradas ou o aumento em 17% no consumo de hortaliças e verduras até 2019, além da diminuição do sedentarismo e do tabagismo, com redução no número de fumantes de 15% para 10% em 10 anos.
Ainda segundo o ministro, cada vez mais o tratamento tem sido descentralizado e os recursos para essa finalidade cresceram 49% nos últimos seis anos, passando de R$ 2,1 bilhões para R$ 3 bilhões por ano. A cada ano, surgem aproximadamente 600 mil novos casos de câncer no Brasil, sendo os mais comuns o de pele, o de próstata, o de mama, o de pulmão e o de útero.
Audiência no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário
Após a participação na Comissão Geral, o deputado Valdir Colatto, a presidente da ACBG, Melissa e a fonoaudióloga Luciara estiveram em audiência com o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, Alberto Beltrame.
Em pauta a necessidade de inclusão e atualização de valores de itens utilizados pelos pacientes laringectomizados na lista do SUS. Além disso, Melissa apresentou a necessidade de apoiar o projeto de desenvolvimento da prótese de laringe pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que se efetivado, será pioneiro no Brasil, podendo facilitar o acesso dos pacientes ao aparelho. “O câncer é curado, mas a sequela no paciente, que fica sem voz, o exclui da sociedade e do mercado de trabalho, então, estamos mobilizando a classe política, a fim de termos apoio no SUS e conseguirmos desenvolver a prótese nacional, que é o aparelho que nos permite voltar a nos comunicar”, disse Melissa.
Assessoria de Imprensa do deputado federal Valdir Colatto.