Deputado Colatto quer acabar com o horário diferenciado, destacando os malefícios para a saúde e a pouco economia de energia
Brasília, 15 de fevereiro de 2017 – Menos de R$ 1 por brasileiro. É essa a economia, de acordo com a estimativa do Operador Nacional do Sistema (ONS), gerada durante o último período de vigência do Horário de Verão. No entanto, de acordo com o mestre em energia solar, Alexandre Heringer Lisboa, “não há maneiras de comprovar essa economia de energia”. A afirmação foi feita em novembro, durante audiência pública que debateu o pelo projeto de lei 397/2007, de autoria do deputado federal Valdir Colatto, que propõe o fim do horário de verão.
Para Lisboa, a economia com a adoção do horário de verão, na ordem de 0,5%, está abaixo da margem de erro. “Além disso, analisando dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), é possível observar que durante o verão, a demanda máxima de energia ocorre no início e meio da tarde, e não no final, para justificar o aproveitamento da luz natural”, destacou o mestre Alexandre Lisboa. Ele acrescentou ainda, como sugestão, que o governo invista num programa de aquecimento solar, como alternativa para a adoção do horário de verão.
O deputado Colatto, autor da proposta, afirma que não há estatística que justifique que o horário de verão traga ganhos para os consumidores e para o país. As alterações de horário ocasionam distúrbios orgânicos – ocorrência de fadiga, dores de cabeça, confusão de raciocínio, irritabilidade, constipação e queda da imunidade.
O médico especialista em cardiologia, Guilherme Honório Pereira, estuda os malefícios do horário de verão na saúde da população e enfatiza que estudos realizados em todo o mundo atestam os prejuízos causados ao sono das pessoas. Uma das pesquisas, realizada com 55 mil pessoas da Europa central, que continuaram no horário padrão por todo o horário de verão, analisou os picos de sonolência e do estado de alerta e concluiu que a adaptação nunca ocorre. “Essa pesquisa faz cair por terra o conceito de que ocorre apenas uma hora de perda no sono. Ou melhor, a perda não existe, pois, as pessoas acordam uma hora mais cedo, mas dormem uma hora mais cedo também”, pontuou o médico.
O cardiologista destaca ainda, estudos norte-americanos que atestam o aumento de 25% no número de ataques cardíacos na segunda-feira após início do horário de verão. Já no final deste horário foi verificada a queda no número de infartos em 21%. Para além disso, existem estudos que comprovam o aumento do número de suicídios, em decorrência de depressão causada por distúrbios do sono; aumento nos acidentes nas estradas, atribuído à sonolência diurna; diminui o rendimento escolar de crianças e jovens; e as consequências de erros profissionais que podem acabar em morte.
Tendo em vista esses dados, Colatto reafirma sua preocupação com a aplicação do horário especial. “Se a saúde das pessoas não é importante, o que é? Dizem que economizamos energia, mas de que vale essa economia se estamos perdendo vidas? ”, questionou o deputado catarinense.
Colatto defende que o horário de verão seja extinto, visando a melhoria na qualidade de vida da população. “Os trabalhadores rurais são os que mais relatam as consequências do horário diferenciado. O desconforto que a adoção deste horário acarreta é experimentado por todos que são obrigados a acordar mais cedo, incluindo as crianças”, destacou Colatto.
Uma das medidas propostas pelo parlamentar e que pode solucionar o alto consumo de energia é o desenvolvimento de ações permanentes do governo que possam orientar e educar a população brasileira sobre o uso consciente de energia nos horários de ponta, das 18 horas às 21 horas. “Está claro que quem paga a conta dessa medida é o Sistema Único de Saúde (SUS) e a população”, alerta.
História
Adotado pela primeira vez em 1931, foi em 1985 que o horário de verão passou a ser instituído anualmente. Inicialmente com abrangência nacional, em 2003 foi reduzido para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. A hora de verão vigora nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal”.
Neste domingo, dia 19 de fevereiro os relógios devem ser atrasados em uma hora.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo (não precisa ser votado pelo Plenário) e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Minas e Energia; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
No site do deputado, é possível ter acesso a dados e estudos informando sobre os malefícios do horário diferenciado. Disponível no link:http://valdircolatto.com.br/
Assessoria de Imprensa do deputado federal Valdir Colatto.