No início de outubro, o presidente estadual do MDB-SC, Celso Maldaner, saiu de casa, em Maravilha, para visitar o maior número possível das 265 cidades catarinenses onde o partido tem candidato a prefeito ou a vice. Quase 50 dias e sabe-se lá quantas máscaras usadas e frascos de álcool gel gastos depois, o dirigente espanta qualquer resquício de cansaço que seus 67 anos podem acusar com uma energia de adolescente. Muito dessa disposição vem da confiança em atingir a meta de eleger 120 prefeitos e mil vereadores, reforçada pela acolhida recebida nos roteiros por, em média, seis cidades diárias (na foto acima, com o deputado estadual Valdir Cobalchini em Flor do Sertão). Em entrevista concedida nesta sexta (13) enquanto viajava de Brusque para Guabiruba, o líder emedebista avaliou a campanha e falou de suas expectativas para as eleições de domingo. Confira os principais trechos:
Qual a principal dificuldade de uma campanha eleitoral com as restrições impostas pela pandemia?
Nada substitui o contato direto com o eleitor, principalmente nas cidades menores, onde todo mundo conhece os candidatos pessoalmente. Mas, dentro das normas sanitárias, com máscara e álcool gel, evitando aglomerações e usando a criatividade, como os comícios drive-thru, acredito que conseguimos fazer com que nossa mensagem chegasse ao maior número possível de pessoas. As redes sociais foram e são importantes aliadas nesse sentido, com tempo e espaço ilimitados para divulgarmos propostas e nos conectarmos com as demandas da sociedade.
Que avaliação o senhor faz da campanha? O que mudou na cabeça do eleitor de 2018 – quando a onda da chamada “nova política” prejudicou os partidos mais tradicionais como o MDB – para cá?
O que tenho visto nas minhas andanças pelo Estado é que houve um desgaste desse discurso que separa a política entre nova e velha. Para a população, o que importa é se os serviços públicos funcionam, se a cidade está bem cuidada, se oportunidades para melhorar de vida estão sendo criadas – e, lógico, se os gestores agem com correção. Como o MDB já administrou praticamente todos os municípios, estamos lembrando as realizações de nossos prefeitos em mandatos anteriores e reforçando o compromisso dos nossos parlamentares, estaduais ou federais, para obter os recursos necessários para as melhorias que as cidades tanto precisam. O que acaba fazendo a diferença nestas eleições é a percepção do cidadão sobre a atuação das prefeituras, e nisso temos trabalho de sobra para mostrar.
Nas viagens pelo Estado, que bandeiras ou propostas o senhor percebe que são mais recorrentes? O que a sociedade espera de um candidato a prefeito?
O clamor da sociedade por gestores de mãos limpas veio para ficar. Transparência, critérios técnicos para montagem de equipe de governo e saber os caminhos para obter recursos são outros aspectos que estão sendo muito considerados, tanto pelos candidatos quanto pelo eleitor. Acho que a experiência também está valorizada, até porque muitos dos novatos se revelaram não estar à altura dos cargos para os quais se elegeram na onda de 2018.
O MDB catarinense vai atingir a meta de eleger 120 prefeitos e mil vereadores?
Quando estabelecemos esses números, muita gente reagiu com desconfiança. “Ele está sonhando”, “se conseguir a metade já é muito”, diziam. Pois eu, que talvez fosse um dos únicos que acreditava desde o começo, acredito ainda mais agora, depois do trabalho que fizemos ao longo da campanha. E tenho certeza de que as lideranças que me acompanharam nos roteiros por todo o Estado, como os deputados estaduais Dirce Heiderscheidt, Jerry Comper, Luiz Fernando Vampiro, Valdir Cobalchini e Volnei Weber e os federais Carlos Chiodini e Peninha, mais o senador Dário Berger, também estão otimistas. Porque o MDB tem candidatos muito qualificados, construiu uma história bonita em todos os municípios e governa com base no diálogo, sem dar margem a radicalismos. A sociedade está cansada de extremos e quer equilíbrio, respeito e gente que coloca o interesse público acima do pessoal.
Que MDB irá emergir das urnas após o dia 15? Qual a influência dos resultados deste domingo na corrida para o governo estadual em 2022?
Qualquer diagnóstico sobre 2022 é precoce, a política é muito dinâmica e muita coisa ainda vai acontecer até lá. Mas o que se pode dizer é que o partido com o maior número de prefeitos, de vereadores, de deputados estaduais e com uma bancada federal forte e atuante nunca deve ser desprezado ou subestimado, pelo contrário: a história e o tamanho do MDB catarinense o credenciam a entrar em qualquer disputa eleitoral como protagonista. Estamos trabalhando para termos candidato próprio ao governo estadual.