A acareação promovida nesta terça-feira (9) pela CPI dos Respiradores da Assembleia Legislativa – entre os ex-secretários de governo Helton Zeferino, da Saúde, e Douglas Borba, da Casa Civil, e a servidora Márcia Regina Pauli – revelou, com clareza, a falta de controle público numa operação de compra com pagamento antecipado no valor de R$ 33 milhões, que resultou num golpe contra as finanças do Estado. Essa conclusão é comum na fala dos dois deputados emedebistas integrantes da CPI, o vice-líder da bancada Valdir Cobalchini, e um dos mais experientes parlamentares, Moacir Sopelsa.
— Faltou prudência e não dá para eximir ninguém dessa responsabilidade. Houve um processo totalmente equivocado, viciado e à revelia da lei. Com total falta de transparência, pois sequer a dispensa de licitação foi publicada antes da compra. Isso revela desorganização, no mínimo houve omissão do ordenador primário. A CPI quer chegar a verdade, e vamos alcançar com os próximos depoimentos — apontou Cobalchini.
Sopelsa questionou o descaso com o dinheiro público:
— Mesmo que a compra tenha sido desastrada, como eles mesmo admitem, até que chegou no pagamento, ainda que houvesse uma nota fiscal eletrônica e a assinatura de uma funcionária atestando que recebeu, será que não acendeu uma luz para questionar como que os respiradores poderiam ter sido entregues em menos de uma semana? Se isso não ocorreu, então havia total falta de controle, com a mais ampla autonomia nas tomadas de decisões para funcionários de segundo escalão, o que resultou num inadmissível mau uso de dinheiro público.
Cobalchini ressaltou, ainda, a questão do direcionamento para uma empresa sem habilitação e capacidade para a compra dos respiradores.
— Isso está claro, e houve o superfaturamento apontado pelo próprio Tribunal de Contas, pois aceitaram pagar o dobro do valor, e ainda a substituição de equipamentos por outros de menor qualidade, a legítima troca de gato por lebre.
Para o parlamentar, é inadmissível a versão de que o governador Carlos Moisés tomou conhecimento do problema somente depois de duas semanas.
— Não estamos querendo perseguir ninguém, mas é preciso mostrar culpados. Como ninguém acusa responsabilidade, cheguei a perguntar se há algum funcionário fantasma envolvido, pois, do jeito que contam, parece que algo sobrenatural aconteceu — afirmou.